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Psicologia do Esporte

Muito se fala das emoções no âmbito da psicologia esportiva, mas afinal o que é emoção?
(trecho do meu trabalho de conclusão de curso)


     De acordo com Goleman (1995) todas as emoções são, em essência, impulsos, legados pela evolução, para uma ação imediata, para planejamentos instantâneos que visam a lidar com a vida. A própria raiz da palavra emoção provem do latim movere – “mover” – acrescida do prefixo “e-“, que denota “afastar-se”, indicando que seja qual for a emoção está implícita uma propensão para um agir imediato.

Ainda segundo Goleman (1995 a) essa relação entre emoção e ação imediata fica bem clara quando observamos animais ou crianças; é somente em adultos ditos civilizados que tantas vezes detecta-se a anomalia no reino animal: as emoções, impulsos que levam a agir, sem estar ligado a uma reação óbvia.

Já de acordo com um dos mais conceituados psicólogos cognitivistas Richard Lazarus (LAZARUS, 2000), afirma que, tradicionalmente, emoção é definida como uma reação psicofisiológica organizada do indivíduo em resposta ao relacionamento com o meio ambiente, mais frequentemente, mas não sempre, interpessoal ou social. Esta reação consiste de respostas advindas de três níveis de análise denominados: a) experiência introspectiva subjetiva (geralmente referida como um afeto), b) ações abertas ou impulsos para agir e, c) modificações fisiológicas que fazem as emoções serem organísmicas e, acrescenta a importância de variáveis cognitivas e motivacionais, na estimulação e sustento de uma emoção. Portanto, segundo (LAZZARUS,2000) o que media psicologicamente uma emoção é a avaliação do significado que a pessoa atribui ao seu bem-estar e como a percebe em um processo de interação. Então, quando falamos em emoção devemos sempre pensar no tripé: cognição, emoção e relação. Taylor e Wilson (2005) afirmam que as emoções são parte das experiências esportivas, tanto quanto, as condições físicas, as condições técnicas e táticas, os equipamentos, o treinador e a equipe esportiva. Eles ainda sugerem que as emoções são o principal determinante de como os atletas irão desempenhar-se nas competições, sendo que, o impacto das emoções sobre a performance atlética é tão poderoso, que afeta cada aspecto de seu desempenho. Ainda segundo Taylor e Wilson (2005) apesar da importância deste tópico, ele é ainda pouco explorado na Psicologia do Esporte. [...] Durante o treinamento e competição, os atletas podem experienciar um amplo repertório de emoções desde as emoções negativas, tais como frustração e desapontamento, até as emoções positivas, tais como excitamento e satisfação. Para Lidor e colaboradores (2007) os atletas vivenciam, para uma mesma situação, diferentes emoções e essas emoções precisam ser também analisadas em função de sua posição de jogo, tempo de experiência e nível de habilidade. Já quanto a este aspecto Goleman (1995 c) traz uma compreensão sobre a empatia, onde diz ser um ato de compreensão tão seguro quanto a apreensão do sentido de palavras contidas em uma página impressa, onde o primeiro tipo de compreensão é fruto da mente emocional, o outro, da mente racional. Segundo o autor temos duas mentes – a que raciocina e a que sente, estes dois modos fundamentalmente diferentes de conhecimento interagem na construção de nossa vida mental. Aqui já é possível verificar a co-relação entre cognição e emoção, a mente racional, é o modo de compreensão de que, em geral, temos consciência: é mais destacado na consciência, mais atento e capaz de ponderar e refletir. Além deste, há um segundo sistema de conhecimento que é impulsivo e poderoso, embora as vezes ilógico – a mente emocional.

Ainda de acordo com Goleman (1995 d) a dicotomia emocional/racional na maior parte do tempo atuam em perfeita harmonia, entrelaçando seus modos de conhecimento para que nos orientemos no mundo. Em geral, há um equilíbrio entre as mentes emocional e racional, com a emoção alimentando e informando as operações da mente racional, e a mente racional refinando e, às vezes, vetando a entrada das emoções; mas são faculdades semi-independentes, cada uma refletindo o funcionamento de circuitos distintos, embora interligados no cérebro.

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